segunda-feira, 11 de janeiro de 2016

Relato de parto, parte II



Continuando...


A primeira parte do relato se encontra aqui: Relato departo, parte I. Não deixe de ler antes dessa continuação.

Já era dia 08... No caminho para o hospital o marido perguntava: "Quer que pare durante as contrações?" "Não precisa, só quero chegar logo, não aguento mais as contrações, só quero ter essa menina logo!". Dessa vez entramos no estacionamento da emergência. Interfonamos e eles perguntaram o que era. O marido não sabia muito o que responder "minha mulher ta parindo. Eu acho" (rs). Eles abriram a porta, mas a gente tava meio longe e até chegar lá, a porta fechou. Tivemos que interfonar de novo. "Oi, sou eu de novo, com a mulher tendo o bebê. É que a gente não entrou rápido e a porta fechou." A porta abriu, a gente entrou e fomos até a secretária. No caminho parei algumas vezes, por causa das contrações, agachei, marido segurava minha mão.

De novo sala de espera, secretária, marido respondendo as perguntas. Ela até brincou que eu não falava nada. Expliquei que as contrações estavam doloridas e que precisava me concentrar enquanto elas atingiam o pico e passavam. Eu ignorava o mundo exterior. Mesmo com a secretária (e depois a enfermeira) fazendo as perguntas e o marido respondendo, a cada contração eu pegava a mão dele e olhava pra ele. E ele olhava pra mim e me ajudava a respirar e me dava força. Naquele momento, o mundo girava em torno de mim, tudo era por e para mim, principalmente o marido.

Não sei se todas as mulheres se sentem assim, ou se permitem sentir, mas eu ignorava completamente a enfermeira durante a contração. Ainda bem que o marido estava lá, eu estava sendo meio grossa, eu sabia, mas não liguei pra isso. Perguntei pro marido se tinha sido rude, ele disse que sim, eu pedi pra ele explicar pra enfermeira, pra se desculpar em meu nome... e ele disse pra eu não me preocupar. Ufa! Voltei pro meu mundinho e a me preocupar comigo.

Dá um sorrisão!! Olha o barrigão!! #sqn

Novamente checaram os exames feitos no pré-parto, controlaram as contrações e batimentos cardíacos do bebê, fizeram exame de toque. 4cm! Pode ficar no hospital. Ela perguntou se era certeza que eu não queria a peridural. Eu falei que sim, que tinha certeza. Quer dizer, a princípio sim! Posso mudar de opinião, né? Ela respondeu que claro, que era só uma questão de onde me instalar: sala de parto natural ou sala de trabalho natural. Eu confirmei, não queria anestesia. Ela perguntou se eu queria entrar numa banheira. Siiiim, pelamordi, só penso nisso a horas!! Ela então avisou no serviço o número da sala a preparar e pediu para encherem a banheira.

Pra fazer o exame e o monitoramento você já tira a roupa toda e coloca um lençol por cima, pra não ficar exposta, nem com frio. A sala para onde eu ia era do outro lado do corredor, então ela perguntou se eu queria me vestir. Eu realmente não ligo pra essas coisas. Juro que só uso roupa mesmo por convenção social, porque detesto! Nessa hora, que eu só pensava em mim, até parece que eu ia me vestir de novo (rs). Fui enrolada no lençol mesmo. Afinal, eram 2 da manhã e eu não tinha visto ninguém além da equipe médica. Mas eu lembro de parar no meio do corredor e agachar para mais uma contração. Marido agachou comigo e a enfermeira (super atenciosa) me cobriu com o lençol que tinha caido, pois eu soltei pra segurar a mão do marido.

Me levaram para uma sala toda bem equipada e a enfermeira (ou auxiliar de enfermagem, mais provável) foi encher a banheira. Me perguntou da peridural e percebeu que me levou pra sala errada, de pré-trabalho. Quando estávamos quase saindo para ir pra sala certa eu voltei pra ter mais uma contração. Pelo menos estava numa sala fechada, não tinha problema o lençol cair.

Fomos então para a sala certa, que era igual a anterior. Não entendi muito bem porque uma e não outra, mas também não fiquei analisando. A banheira já etava cheia e com água quentinha. Alias, quentona!! Não consegui nem entrar! Foram esfriando pra mim e entrei na banheira. Essa moça que veio comigo se despediu (ela era do outro serviço) e disse que logo logo a enfermeira que cuidaria de mim viria.

"Relaxando" na banheira

Poucos minutos depois chegou a enfermeira (Juliette) acompanhada de uma estagiária (Pauline). Se apresentaram, perguntaram se a estagiária poderia acompanhar o parto, perguntaram se eu precisava de alguma coisa, avisaram que eu não poderia beber água (mesmo sem anestesia, pois nunca se sabe se eu precisaria de uma cesárea de urgência) e que voltariam em duas horas, mas que eu poderia chamar se precisasse, quando precisasse.

Durante duas horas eu fiz tudo o que o meu corpo pedia. Fiquei na banheira, troquei de posição, sai da banheira, andei, sentei no chão (o marido corria atrás de mim e colocava toalhas no chão pra eu não ficar em contato direto rs), deitei, fiquei de quatro, de cócoras, voltei pra banheira, sai da banheira... O marido me acompanhava em cada contração. O tempo parecia não passar. Eu não aguentava mais! Dizia que queria desistir, que isso não era pra mim. Pedi pra fazer uma cesárea. Eu só queria dormir. Eu dizia que era fraca, que não ia conseguir. Ele dizia pra eu olhar pra ele, pra respirar com ele. Dizia que eu era forte, que eu conseguia sim. "Olha pra mim", "Respira comigo", "Só mais um pouco", "Não, não, não, você é forte, olha pra mim"... Ele foi maravilhoso! Durante a gravidez nós tivemos algumas conversas sobre esse momento. Eu falei pra ele como agir comigo e o que eu precisaria que ele fizesse (basicamente me fazer olhar pra ele e me fazer acompanhar a respiração dele, me concentrar nele até a contração passar) (se quiser ler mais sobre isso: Enfrentando a dor do parto).

Nos intervalos ele enviava mensagens a minhas irmãs contando como estavam as coisas. Na verdade não lembro dele enviando nada, mas em um dado momento ele me mostrou varias fotos da minha família me dando força. #vemChloé Fiquei muito emocionada de saber que lá do outro lado do oceano estavam todos pensando em mim (em nós), vibrando, enviando energias positivas. Me senti amada, empoderada.

E mais contrações... e mais dolorosas... e mais contrações... e muito cansaço. 4 da manhã e elas voltaram para acompanhar o trabalho. Exame de toque e.... "Você está com 4cm e meio". O que????? Como assim?? Só de lembrar eu volto pra emoção do momento e quero chorar! Depois de duas horas de muitas e dolorosas contrações, eu dilatei meio centímetro?? Eu não tinha mais forças, nem de onde tirar. Lembrando que eu já estava a 44 horas acordada! Eu não chorava, pois nem pra isso tinha forças. Desisti completamente e pedi pra ter a anestesia.

Depois disso, eu não conseguia mais controlar contração/dor alguma. Incrível como a mente é poderosa. Até então, as contrações eram dolorosas, muito! Mas eu conseguia enfrentar e passar por elas. A partir do momento em que eu pedi a anestesia, não adiantava mais o marido pedir pra olhar pra ele, pra respirar, eu simplesmente não conseguia mais me concentrar em outra coisa. A dor me tomava por inteira e parecia não acabar. Apesar de eu ter inteira consciência de que a dor em si não era maior e que a 5 minutos atrás eu conseguia suportar, eu não me sentia mais capaz.

Entre a decisão (falei pro marido, que chamou as enfermeiras), a chegada da enfermeira, o preparo da sala (outra sala, a sala de parto normal) e a vinda da anestesista, pareciam séculos! Mas foi algo entre 15 minutos e meia hora. Lá fui eu pra sala de parto sozinha (marido não pode acompanhar a anestesia em si), mal enrolada no meu lençol, morrendo de medo da temida peridural...

Mas isso fica pro próximo post:
Relato de parto Chloé - parte 3
+
Considerações sobre o parto da Chloé

E se você não leu o começo do relato de parto da Chloé:

 
E aqui o relato de parto da Emma:

Comentários
2 Comentários

2 comentários:

  1. hh não... conta logo tudo rsss.... sofrendo aqui junto com vc, como na madrugada do parto que o marido nos tranquilizava com notícias e fotos!. Continue forte!!! No fim, vale a pena!. Desde já, orgulhosa!. ps: os próximos partos serão mais fáceis hehehe...

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